A relação entre amamentação e libido (ou a ausência dela) é um tema delicado, cheio de mitos e tabus que podem levar à ideia de que é preciso fazer uma escolha entre uma coisa ou outra.
Mas, como sempre destacamos no blog, nada melhor do que manter-se bem informada para enfrentar todos os desafios relacionados à maternidade, incluindo as mudanças na sua relação com a sexualidade.
Sucesso na amamentação e libido baixa não necessariamente têm uma relação direta, embora o seu corpo precise de um tempo até retomar a atividade sexual após o nascimento do bebê.
Nesse contexto, as alterações hormonais podem ser responsáveis pela queda do desejo sexual, mas não podem levar a culpa sozinhas.
Ao longo deste artigo, vamos explicar qual é a relação entre amamentação e libido, levando em consideração a questão hormonal mas também a exaustão decorrente dos cuidados constantes com o bebê, a casa e o parceiro.
Se você está buscando uma forma de equilibrar a maternidade e a amamentação com a retomada da sua vida sexual, continue a leitura!
Qual é a relação entre amamentação e libido?
Se você acabou de ter um bebê, é muito provável que sua libido esteja em baixa. Quando você se torna mãe e inicia a jornada da amamentação, um verdadeiro balé hormonal começa a acontecer em seu corpo.
Nesse momento, a prolactina, hormônio responsável pela produção de leite, surge em maior quantidade, cumprindo um papel vital para a alimentação do bebê.
A presença da prolactina é associada à redução da libido porque ela tende a inibir a ação do hormônio luteinizante (LH), responsável pelo desencadeamento da ovulação.
Como sabemos, a ovulação é o momento do ciclo menstrual em que o desejo sexual se torna mais acentuado.
Sendo assim, como é comum que o ciclo menstrual demore algum tempo para se restabelecer após o parto, também é natural que a libido desapareça nos meses seguintes à chegada do bebê.
Além disso, a amamentação pode causar uma diminuição nos níveis de estrogênio, outro hormônio fundamental para o ciclo menstrual e a resposta sexual feminina.
Na prática, o resultado pode ser a redução da lubrificação vaginal acompanhada pela dor durante a relação sexual.
Portanto, não há dúvida de que essa mudança hormonal pode resultar em uma diminuição temporária da libido.
É impossível ignorar as transformações físicas que acompanham o período pós-parto. Seu corpo, que passou por tantas mudanças durante a gravidez, agora está se adaptando à nova função de nutrir o bebê.
Sendo assim, somam-se à questão hormonal diversos outros fatores, como as cicatrizes, possíveis desconfortos e o próprio cansaço.
Nessa situação, é essencial lembrar que cada mulher é única, e a velocidade com que o corpo se recupera pode variar.
Entender os processos hormonais e físicos e conhecer o seu corpo, tratando-o com carinho, são os primeiros passos para desvendar os mistérios por trás da relação entre amamentação e libido.
A falta de libido é sempre culpa dos hormônios durante a amamentação?
Não há dúvida de que as alterações hormonais podem levar à queda da libido e dificultar a retomada da sua vida sexual.
No entanto, a presença da prolactina e a redução dos hormônios sexuais não podem ser pensados isoladamente como o único fator que inviabiliza a coexistência entre amamentação e libido alta.
A intensidade das responsabilidades que você assume como mãe também é algo que pode afetar significativamente o seu desejo sexual.
No início, as noites mal dormidas, as constantes demandas do bebê e a adaptação à nova rotina certamente vão te deixar exausta.
Além disso, sabemos que infelizmente nem todas as mães contam com uma boa rede de apoio e precisam se desdobrar para, além de assumir toda a responsabilidade com o bem-estar do bebê, cuidar também da casa e, muitas vezes, do parceiro.
É claro que essas mães vão se sentir sobrecarregadas. O tempo que restar após cuidar de todos esses afazeres (se restar algum tempo) será dedicado ao descanso e, muitas vezes, a retomada da vida sexual não será nem cogitada.
Por outro lado, ao mesmo tempo em que você começa a se sentir mais segura e adaptada à rotina com o bebê, a licença maternidade pode chegar ao fim, e junto com a reintegração ao ambiente profissional, novas pressões são adicionadas à sua vida.
Ou seja, a relação entre amamentação e queda da libido vai muito além dos hormônios. O cansaço físico e emocional é um fator preponderante.
Compreender que você não está sozinha nesse processo e que é natural sentir-se sobrecarregada permite que você busque soluções realistas e saudáveis para retomar a intimidade com seu parceiro e o equilíbrio em sua vida.
No próximo tópico, vamos explorar maneiras de lidar com todas as mudanças decorrentes da maternidade e da amamentação e buscar o equilíbrio necessário para uma vida íntima saudável.
Amamentação e libido: como equilibrar as duas coisas
Agora que compreendemos as complexidades hormonais e as demandas físicas e emocionais que a maternidade impõe à sua vida sexual, é hora de explorarmos estratégias para equilibrar amamentação e libido, sem abrir mão do vínculo especial com o seu bebê.
Veja abaixo algumas sugestões:
- Aceitação e autocuidado: entender e respeitar as necessidades do seu próprio corpo é o primeiro passo para encontrar o equilíbrio. A pressão social muitas vezes coloca expectativas irreais sobre a retomada da vida sexual após o parto. O período de abstinência inicial de 40 dias é uma orientação médica generalista, mas é crucial que você respeite seu próprio ritmo e necessidades. Não é porque o seu médico liberou a retomada da atividade sexual que você precisa se sentir culpada por ainda não estar pronta;
- Diálogo com o parceiro: a comunicação aberta é a chave para fortalecer a intimidade do casal. Compartilhe suas preocupações, necessidades e desejos com seu parceiro. Juntos, vocês podem encontrar maneiras de se apoiarem mutuamente nesse momento único;
- Divisão de responsabilidades: o acúmulo de tarefas contribui para o cansaço e a falta de disposição. Dividir responsabilidades com seu parceiro cria um ambiente mais equilibrado, permitindo que ambos encontrem tempo para se reconectar emocional e fisicamente;
- Tempo para si mesma: Reserve momentos para cuidar de si mesma. Seja através de pequenas pausas durante o dia ou de atividades que proporcionem relaxamento, investir em seu bem-estar é fundamental para manter uma saúde mental e emocional equilibrada;
- Momentos a dois: mesmo com as demandas da maternidade, é importante criar momentos especiais a dois. Seja um jantar tranquilo, um filme após o bebê dormir ou uma simples conversa, encontrar tempo de qualidade fortalece a conexão;
- Rede de apoio: busque a ajuda de amigos, familiares ou grupos de apoio. Compartilhar experiências e desafios pode trazer insights valiosos e oferecer suporte emocional;
- Capriche nas preliminares: priorizar as preliminares pode ser a chave para retomar a sua atividade sexual. A maternidade pode ter trazido novas inseguranças quanto, por exemplo, às mudanças no seu corpo e a ressignificação dos seios como fonte de alimento do seu bebê. Converse sobre isso com o seu parceiro e busque se reconectar com a sua sexualidade investindo em momentos de intimidade sem pressa.
Lembre-se de que cada jornada é única e o processo de encontrar o equilíbrio entre amamentação e libido é gradual.
A amamentação não é a vilã que atrapalha a sua sexualidade. Se fosse assim, as mães que recorrem à fórmula infantil não teriam problemas em relação à retomada da vida sexual.
Ao adotar uma estratégia realista e ajustável, você pode desfrutar de uma vida sexual plena, ao mesmo tempo em que nutre o vínculo especial com o seu bebê.
Foi pensando nisso que eu criei a masterclass “Operação resgate”, que vai te ajudar a retomar a conexão com o seu parceiro para que amamentação e libido possam conviver harmoniosamente.