Você está preocupada com a condução do desmame do seu filho e não sabe quais práticas são as mais adequadas neste processo? O desmame gentil, com certeza, é a melhor opção.
As formas abruptas de interromper a amamentação costumam ser sofridas tanto para o bebê quanto para a mãe. Ao contrário do que já te disseram, esse sofrimento não é necessário. Com planejamento e paciência, você pode evitar os traumas e encerrar de forma atenciosa e respeitosa esse ciclo tão importante.
Ao longo dos próximos tópicos, você vai entender o que é desmame gentil, o que ele busca evitar, a importância do planejamento e como conduzi-lo.
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O que é desmame gentil?
O desmame gentil é o processo de desmame conduzido pela mãe, de maneira atenciosa e gradativa de modo a não causar sofrimento nem para ela nem para o bebê.
Ele deve ser pensado com antecedência e feito no ritmo ideal para a dupla mãe-filho específica, podendo durar vários meses.
Como a recomendação do Ministério da Saúde é de que a criança seja amamentada até, pelo menos, os dois anos, o ideal é que o desmame gentil seja conduzido depois que a criança completar 18 meses.
Mas esta não é uma regra. Tanto o momento de dar início ao desmame gentil quanto o tempo que vai levar até que a criança não recorra mais ao seu peito vão depender da sua situação específica.
É importante que o seu filho tenha supridas suas necessidades tanto nutricionais quanto emocionais, que a princípio são associadas à amamentação.
Por isso, quanto mais próximo (ou depois) dos dois anos a criança estiver quando for desmamada, melhor será. Nesta fase, ela já estará apta a consumir plenamente os alimentos sólidos, que devem ser introduzidos gradativamente.
Além disso, a comunicação entre mãe e filho é muito mais efetiva depois que ele completa um ano, conseguindo se expressar de outras formas, além do choro. A esta altura, você já vai reconhecer os tipos de choro e a criança já será capaz de compreender o que você diz a ela.
Mesmo assim, é importante lembrar que o processo de desmame, mesmo gentil, pode gerar episódios de choro. Nesses casos, é preciso acolher e dar muito carinho ao bebê de outras formas. Assim, você poderá envolver mais a criança nas atividades da família e da casa, além de antecipar suas demandas e evitar a necessidade de recorrer ao seio diante das mais diversas emoções com as quais ela se depara.
O que o desmame gentil busca evitar?
O desmame gentil serve para fechar com chave de ouro este ciclo tão importante do seu relacionamento com o seu filho.
Isso significa que ele busca evitar o sofrimento e os possíveis traumas que podem ser associados a uma interrupção brusca da amamentação.
Isso vale tanto para o bebê quanto para a mãe. Não são raros os casos de mães que precisam trabalhar ou viajar e acabam interrompendo rapidamente a amamentação e se sentindo muito culpadas.
Para evitar essa situação, é importante ter em mente que não há como desmamar o seu filho abruptamente sem causar sofrimento.
O desmame gentil serve para evitar medidas extremas como deixar o bebê chorar e negar a ele o seio ou simplesmente viajar para que ele “esqueça” da amamentação.
Lembre-se de que o seu seio é a fonte de alimentação e de tranquilização dele desde o nascimento. Essa relação é forte e profunda. Então, ele não vai esquecê-la mesmo se você estiver ausente.
O trauma também pode ser enorme quando a mãe coloca coisas com gostos ruins no peito, como pimenta ou medicações. Para o bebê, isso é assustador.
Outro recurso que deve ser evitado é dizer à criança que seu seio está machucado e colocar curativos ou faixas para impedir que ele mame. Com certeza não é assim que você deseja encerrar a história tão bonita da relação do seu bebê com o seu seio.
A busca por informação é o melhor caminho para não cair nas ciladas e não minimizar o sofrimento causado pelo desmame abrupto.
Pessoas da sua rede de (des)apoio podem afirmar que é normal que você tenha episódios de ductos entupidos ou mastite ao decidir desmamar o seu bebê.
Porém, isso só acontece em processos de desmame mal-planejados. O desmame gentil e planejado, ou seja, feito com tempo, permite que o corpo entenda que a demanda do bebê por leite está diminuindo e vá, aos poucos, diminuindo a produção.
Tenha em mente: o sofrimento não é normal, nem o seu, nem o do seu filho.
O planejamento é seu melhor amigo no processo de desmame gentil
O desmame gentil não é a mesma coisa que deixar a cargo do próprio bebê o processo de desmame. Pelo contrário, a ideia é que o processo seja planejado e conduzido, e isso pode levar meses.
A falta de planejamento é a principal causa do desmame abrupto, pois ele costuma ocorrer quando a mãe já está exausta.
A amamentação normalmente é muito gratificante para as mães, mas, sim, amamentar cansa. Por isso, não cabe a ninguém julgar o modo como você decidiu desmamar o seu bebê.
Mães devem ser acolhidas e nunca julgadas. Mas é importante manter-se informada e tomar suas próprias decisões ao invés de se deixar levar por opiniões infundadas.
Se o desmame gentil é uma meta para você, é importante começar a planejá-lo quando você ainda está em uma fase intensa e feliz da amamentação.
Não espere até ficar cansada para pensar em como fazer o desmame. O desmame gentil precisa de tempo e não será bem-sucedido se você tiver apenas uma semana.
Muitas mães tomam decisões drásticas em relação à interrupção da amamentação ao verificarem que a criança continua pedindo para mamar mesmo depois de receber uma explicação sobre a importância de priorizar outros alimentos. Mas o apego ao seio da mãe é natural e não vai se desfazer em alguns dias.
Então, fuja da ideia de que é preciso viajar ou colocar pimenta no seio porque você “já tentou de tudo” sem sucesso.
Tente de tudo, sobretudo ações dedicadas a suprir as necessidades emocionais e nutricionais do seu filho de modo que a substituição do seu seio seja aceitável para ele.
O ato de “tentar de tudo” deve ser encarado como um processo, que inclui acolhimento e comunicação e pode durar um bom tempo.
Como conduzir o desmame gentil?
Não existe uma fórmula mágica de condução do desmame gentil. A cada passo dado, você precisa avaliar o seu próprio processo, considerando as suas necessidades e as do bebê.
A principal orientação é que você conduza o processo de desmame. O desmame gentil não é simplesmente esperar que o próprio bebê decida parar de mamar.
Você como mãe pode — e deve — liderar esse processo. O bebê espera que você faça isso, afinal você é a principal referência para ele. Ele espera ser guiado.
Nesse sentido, quanto mais tempo e informações você tiver, melhor será para vocês dois. Seu filho poderá aprender a satisfazer suas necessidades físicas e emocionais gradativamente de outras maneiras.
O desmame poderá ser encarado como um período de novas descobertas, desde que você tenha paciência e considere as individualidades da criança.
Nesse sentido, garantir que ele tenha acesso a um bom esquema de alimentação saudável e envolvê-lo nas suas atividades cotidianas são atitudes que vão ajudar.
Em muitos casos, a criança procura o seio quando deseja a atenção ou o acolhimento da mãe. Dedicar tempo a ela e fazê-la participar do que você está fazendo são modos de demonstrar que ela tem a sua atenção, mesmo quando não está mamando.
Ao identificar as razões pelas quais o seu filho procura o seio, você pode se adiantar e garantir que suas demandas serão atendidas.
Vale lembrar que, talvez, seja necessário voltar alguns passos durante o processo. E tudo bem!
Por exemplo, se seu filho já deixou de mamar à tarde, mas ficou resfriado, não almoçou bem e voltou a pedir o seu seio naquele horário, não há problema algum em “ceder”.
Isso demonstra à criança que as necessidades dela são importantes e a faz se sentir mais segura nos próximos passos.