A linda imagem da mãe amamentando seu bebê com um ar satisfeito e tranquilo muitas vezes transmite uma sensação que não abrange todos os fenômenos envolvidos na jornada de amamentação. Por exemplo, você sabe o que é a apojadura do leite?
Embora natural, ela pode ser desconfortável e gerar muitas dúvidas, já que neste momento o seu corpo passa por notáveis transformações.
Entender o que é a apojadura, por que ela ocorre e como lidar com ela é essencial para alcançar a meta de uma amamentação bem-sucedida.
Neste artigo, você vai tirar suas principais dúvidas sobre a apojadura do leite e conferir conselhos práticos para lidar com ela.
Ao longo dos próximos tópicos, vamos explorar as mudanças que ocorrem no corpo da mãe e as estratégias para passar por esse período com bastante autoconfiança.
Continue a leitura!
O que é a apojadura do leite?
A apojadura, também chamada de descida do leite, é a preparação das mamas para a amamentação, e ocorre de 2 a 5 dias após o nascimento do bebê.
Depois da fase do colostro, o organismo da mãe inicialmente produz bastante leite até o início da regulação dessa produção de acordo com a demanda do bebê.
Isso demonstra a importância de colocar o bebê para mamar logo na primeira hora após o parto.
Esse contato pele com pele, além das questões emocionais relacionadas ao vínculo afetivo, dá início à prática alimentar da criança e estimula a produção de leite.
O colostro é considerado o primeiro leite produzido pelo organismo materno logo após o parto e antes da apojadura.
Ele é rico em anticorpos e proteínas que contém todos os nutrientes que o bebê precisa em seus primeiros dias de vida fora do útero, além de contribuir para o desenvolvimento do sistema imunológico.
Depois dos primeiros dias, o colostro, que tem um aspecto mais espesso e amarelado, dá lugar ao leite de transição, que é produzido graças à apojadura.
Ou seja, enquanto o bebê se alimenta do colostro, ele também está estimulando o organismo da mãe para a ocorrência da apojadura do leite.
A apojadura costuma acontecer entre o segundo e o quinto dia após o parto e pode causar desconfortos relacionados à sensibilidade e ao peso dos seios.
A mudança é notável, pois nas primeiras horas após o parto (até 72 horas) o fluxo de leite tende a ser pequeno, embora totalmente adequado para os primeiros contatos entre o seio da mãe e filho e a adaptação do bebê ao processo de sucção.
Quando a apojadura acontece, a mãe fica com os seios maiores e muito mais cheios, podendo ocasionar um aumento da temperatura da pele e até episódios de febre.
A produção abundante de leite materno é o principal sintoma da apojadura, que costuma durar em média três dias.
No entanto, mesmo que a produção de leite continue abundante, o desconforto tende a cessar depois desse período, que pode variar em função, por exemplo, do estímulo que as mamas receberam.
Quando a mãe amamenta em livre demanda desde o primeiro dia após o parto, a apojadura costuma acontecer logo e a ser mais rápida.
Como lidar com a apojadura?
Para lidar com a apojadura, o primeiro passo é saber identificá-la. Muitas vezes, ela é confundida com outras situações, como, por exemplo, o ingurgitamento mamário, que ocorre quando a pega do bebê é feita de maneira inadequada impedindo que ele sugue todo o leite.
Neste caso, há uma retenção de leite na mama conhecida como “leite empedrado”, que pode causar desconfortos semelhantes, mas nada tem a ver com a apojadura.
Para que essa confusão não aconteça, é importante contar com o apoio profissional adequado para garantir a pega correta do seio pelo bebê.
Além disso, a busca prévia de informações vai fazer com que você se sinta mais preparada para este momento.
Por mais que a apojadura seja incômoda, tenha em mente que ela vai durar apenas cerca de três dias.
Isso não significa que você vai produzir pouco leite após esse período. Pelo contrário, a produção normalmente continua abundante, mas sem os desconfortos causados pela apojadura.
Depois de aproximadamente três meses, o seu organismo deve passar por uma nova regulação da produção de leite, a partir da compreensão da demanda do seu bebê. Geralmente é só depois do terceiro mês que os seios param de “vazar”.
Veja a seguir algumas dicas para lidar com a apojadura.
Não leve chupetas e mamadeiras para a maternidade
É muito importante que o seu bebê seja colocado em contato com o seio logo após o parto, pois é a partir da retirada do colostro que o seu organismo vai compreender que a descida do leite está sendo estimulada e o próprio bebê vai se acostumar à sucção.
Nesse sentido, os bicos artificiais são grandes vilões que podem tanto retardar a apojadura quanto potencializar os sintomas de desconforto.
Isso porque, quando o leite desce, é importante que o bebê mame para esvaziar os seios e reduzir a sensação de peso.
Quando a apojadura acontece e o bebê não mama devido ao oferecimento, por exemplo, da fórmula infantil na mamadeira, uma das consequências mais comuns é a mastite.
Portanto, para passar pela apojadura da forma mais natural e menos incômoda possível, mantenha seu bebê longe dos bicos artificiais.
A amamentação em livre demanda pode te ajudar durante a apojadura
A amamentação em livre demanda é recomendada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), embora possa ser um grande desafio para as mães.
É claro que a decisão de aderir ou não à livre demanda deve ser somente sua, mas é importante conhecer as vantagens desse método, principalmente quando falamos em recém-nascidos.
Nesse caso, é importante oferecer o seio sempre que o bebê demonstrar interesse em mamar, isso pode aliviar os desconfortos ligados à apojadura.
Com os seios muito cheios, a melhor solução é esvaziá-los da maneira mais natural possível: a amamentação.
Ou seja, nesses primeiros dias, quanto mais o bebê mama, mais facilmente ele se acostuma com a amamentação e mais rapidamente o organismo da mãe vai promover uma primeira regulação da produção de leite ao fim da apojadura.
Não hiperestimule a produção de leite
Com seios muito cheios, é natural a vontade de esvaziá-los para obter um alívio, mas é importante ter cuidado para não hiperestimular a produção de leite.
Isso significa que as ordenhas frequentes não são recomendadas neste primeiro momento. Você pode estimular ao máximo que seu bebê mame e realizar apenas ordenhas de alívio, se necessário.
Ou seja, se você, além de adotar a amamentação em livre demanda, também realizar várias ordenhas utilizando uma bomba de extração, pode acabar aumentando mais ainda a produção de leite, podendo causar, inclusive, uma hiperlactalçao.
Massagens e compressas frias podem ajudar na vascularização
Fazer movimentos circulares com a mão espalmada, indo da parte mais próxima ao mamilo até a região do tórax pode resultar em um grande alívio durante a apojadura.
Você também pode realizar uma pequena ordenha após essa massagem, para deixar a aréola mais macia, facilitando a amamentação.
Essa massagem deve ser leve e tem o objetivo de facilitar a pega do bebê e aliviar o desconforto, sendo diferente de outras massagens feitas, por exemplo, quando há ingurgitamento mamário.
Outro recurso que pode ajudar bastante são as compressas frias, que reduzem a sensação de inchaço e acalmam o tecido mamário.
Você também deve usar sutiãs confortáveis e com bom suporte para os seios para tornar o desconforto menor.
Faça ordenhas manuais para aliviar as mamas
Ao realizar a massagem que abordamos no tópico anterior, você pode aproveitar para realizar uma ordenha manual de alívio.
Durante a massagem, você pode se concentrar por mais tempo nas áreas onde encontrar nódulos, pois são estes os pontos onde provavelmente haverá mais leite acumulado.
Depois da massagem, você deve posicionar o polegar acima e os dedos indicador e médio abaixo da linha onde acaba a aréola e, em seguida, fazer movimentos de compressão.
Tome cuidado para que os dedos não escorreguem e cheguem até o mamilo, pois isso pode machucá-lo.
Depois de repetir algumas vezes esse movimento provocando a saída do leite, vá mudando a posição dos dedos ao redor do mamilo até que todas as partes da mama tenham sido ao menos parcialmente esvaziadas.