Você já ouviu falar em amamentação cruzada? Ela representa um sério risco para os bebês e é contraindicada tanto pelo Ministério da Saúde quanto pela Organização Mundial da Saúde.
Antigamente, era muito comum ver mulheres amamentando bebês que não eram seus filhos. Elas eram chamadas de mães (ou amas) de leite.
Isso era considerado um ato de amizade ou solidariedade com as mães que tinham alguma dificuldade na amamentação. No entanto, hoje em dia, essa prática já não é recomendada e ao longo deste artigo você vai entender o porquê.
Ao ler os próximos tópicos, você vai entender quais riscos a amamentação cruzada representa e qual é a melhor alternativa quando existe algum fator impeditivo de que o bebê seja amamentado pela própria mãe.
Boa leitura!
O que é amamentação cruzada?
A amamentação cruzada acontece quando uma mãe pede ou permite que outra mulher amamente seu bebê por diversas possíveis razões.
A principal delas ocorre quando a mãe não produz leite suficiente para suprir as necessidades do bebê ou não pode amamentar naquele momento, por exemplo, devido a um problema de saúde.
Ainda que não seja recomendada pelas autoridades da área de saúde, esta prática ainda é muito comum e pode representar sérios riscos para a saúde do bebê.
Se uma amiga próxima ou alguém da sua família teve um filho na mesma época que você, pode ser que você tenha cogitado fazer a amamentação cruzada.
Muitas mães fazem isso porque sabem da importância do leite materno e querem garantir o acesso a este alimento para que seus bebês cresçam saudáveis.
Por outro lado, pode ser que você produza leite em abundância e sinta vontade de ajudar aquela amiga que está com dificuldades.
Seja para ajudar o bebê de alguém ou para tentar garantir a melhor nutrição para o seu próprio bebê, a amamentação cruzada não é a melhor solução.
Talvez você já tenha ouvido de uma mãe ou avó que, no tempo dela, a amamentação cruzada era muito comum, e os bebês não tinham problemas de saúde, mas hoje a realidade é outra.
As pesquisas nessa área já estão bem mais avançadas e respaldam a contraindicação da amamentação cruzada em razão dos riscos comprovados que ela representa. Vamos ver quais são eles a seguir.
Amamentação cruzada: quais são os riscos?
Os riscos da amamentação cruzada para a saúde do bebê estão ligados à possibilidade de contração de diversas doenças.
Isso pode acontecer porque o bebê ainda não tem seu sistema imunológico totalmente formado, o que o torna muito mais suscetível a ser contaminado com alguma enfermidade.
Mesmo as doenças que já contam com vacinas, como a hepatite, podem ser um grande risco para o bebê, já que leva um tempo até que ele crie células de defesa após tomar todas as doses da vacina.
Por outro lado, também existem doenças que até hoje não têm vacinação e nem cura, como é o caso do HIV, o vírus causador da Aids.
Foi justamente no momento em que o vírus da Aids começou a se disseminar amplamente ao redor do mundo que as autoridades da área de saúde decidiram contraindicar a amamentação cruzada.
Como o vírus é transmitido pelo sangue e o leite materno tem, como matéria-prima, o sangue da mãe, ele pode ser transmitido até mesmo da própria mãe para o seu bebê.
No caso das hepatites B e C, mesmo que a possibilidade de transmissão através do leite materno seja rara, ela pode ocorrer principalmente quando há lesões ou fissuras nos mamilos que possibilitam o contato do vírus com o leite.
Como essas lesões podem aparecer durante a amamentação por conta, por exemplo, da forma como o bebê pega o seio, os riscos podem tornar-se maiores.
Outro vírus que pode ser transmitido a partir da amamentação cruzada é o Citomegalovírus, que também está presente no leite das mães infectadas.
Estes são apenas os exemplos mais comuns, mas diversas outras infecções virais ou bacterianas também podem ser transmitidas ao bebê por meio da amamentação cruzada.
Mesmo que aquela sua grande amiga que tem “leite sobrando” esteja com os exames em dia e te comprove que não é portadora de nenhum desses vírus, ainda assim, a recomendação é de que a amamentação cruzada não seja feita.
Isso porque ela pode estar com alguma doença transmissível pelo leite, mas ainda não ter identificado essa condição.
A chamada “fase da janela imunológica” é o período entre o momento da infecção e a produção dos anticorpos pelo organismo. Nesse período, a doença não é identificável.
Portanto, mesmo que a sua amiga tenha a intenção sincera de te ajudar, ela pode ser portadora de uma doença assintomática e, por isso, você não deve aceitar a oferta de amamentação cruzada.
Então não posso doar nem receber leite de outra mãe?
Se você conhece os benefícios proporcionados ao bebê quando ele tem acesso ao leite materno, certamente deseja fazer tudo o que for possível para garantir esse acesso.
O mesmo deve ocorrer se você produz mais leite do que o seu bebê necessita: um alimento tão precioso não pode ser desperdiçado e você pode desejar doá-lo para que outros bebês tenham os mesmos benefícios que o seu.
Nos dois casos, a alternativa mais segura para a doação e a obtenção de leite materno evitando a amamentação cruzada é a procura de um banco de leite humano.
Lá o leite materno doado é coletado, testado, pasteurizado e distribuído de forma segura, evitando as possibilidades de contaminação por doenças.
Caso você tenha problemas com a amamentação e precise recorrer a um banco de leite, pode ser que se sinta insegura ao aceitar o leite de uma mulher desconhecida.
Porém, as mães que fazem doações para os bancos de leite são saudáveis e rastreadas e o leite doado passa por um processo rigoroso de higiene e controle, além da pasteurização e de vários exames que garantem sua segurança para os bebês que o recebem.
Esse processo é o que torna o leite do banco de leite humano muito mais seguro que o leite obtido pelo bebê através da amamentação cruzada.
Porém, na grande maioria do país, os leites disponíveis no banco de leite são utilizados nas UTIs neonatais, principalmente para bebês nascidos prematuros.
Portanto, se você não consegue produzir todo o leite materno que seu bebê precisa, seja temporária ou permanentemente, a melhor opção é aprender como aumentar sua produção de leite materno.
Por outro lado, se você produz leite mais que suficiente para o seu bebê e quer compartilhar essa dádiva com outras mães, o melhor é procurar um banco de leite e se cadastrar como doadora.
Existem bancos de leite espalhados por todo o mundo que garantem a nutrição de bebês prematuros, com baixo peso ou que não podem ser amamentados por outras razões.
Portanto, seja por falta ou excesso de leite materno, saiba que você pode recorrer a essas iniciativas tão importantes para a sociedade e evitar os riscos da amamentação cruzada.